quarta-feira, 23 de julho de 2008

mais um no mundo...

Eu não me canso de falar da grandeza dos animais. Não é preciso procurar muito por notícias sobre seus feitos diariamente. E tão comum quanto seus atos de nobreza, são as atitudes humanas de crueldade e egoísmo.

Hoje, mais uma demonstração da superioridade animal: uma cadela vira-lata chamou a atenção de moradores de uma rua em Minas, latindo durante a madrugada e empurrando uma caixa com o focinho até a calçada. Dentro da caixa, um bebê abandonado ainda com o cordão umbilical. Que atitude maternal, não?

Animais também rejeitam crias, é verdade. Mas não é por crueldade. É instinto. E não seria o homem o ser superior e racional? Tsc, tsc, tsc... Chamar a mãe desse bebê de cadela é até maldade, né? Com a cadela, claro.

Xuxa, a vira-lata mineira heroína

terça-feira, 15 de julho de 2008

exemplo...

Há alguns dias, li uma matéria que me deixou emocionada, sobre um morador de rua que passou num concurso público no Recife. É mais do que uma história de superação e exemplo de perseverança e força de vontade. É um motivo a mais para eu acreditar num fato tão evidente: como tem vagabundo neste país!

Meu ídolo agora chama-se Ubirajara Gomes da Silva. Ele tem 27 anos e virou morador de rua aos 15. Mesmo na rua, ele botou na cabeça que não chegaria a lugar nenhum se não estudasse. Então, foi isso que ele fez. Estudou tudo que podia, da maneira que podia. Mesmo dormindo no chão, ao relento, e ficando dias sem comer. A atitude dele diante dos obstáculos da vida é algo bonito e inspirador. Mas também foi exemplar a atitude dos que o ajudaram quando viram qual era seu objetivo.

Sempre penso nisso. Acho absurdo o hábito de muitas pessoas que dão esmola. Algumas acreditam realmente que estão ajudando... não sei em quê. Outras só querem se livrar do peso na consciência e ficar com a sensação de "dever cumprido". E tem aquelas que sabem que não estão ajudando em nada, mas...

Não dou esmolas. Se estão vendendo alguma coisa, até compro. E muitas vezes já dei um prato de comida, paguei um lanche, essas coisas. Mas tenho consciência de que mesmo essa atitude não os ajudou na vida. Apenas saciou sua fome por algumas horas... Mas centavos no sinal não servem pra nada. Na melhor das hipóteses, vão contribuir para a garrafa de pinga. Crianças, então, que nem deveriam estar na rua, vão alimentar os vícios de algum adulto... ou os próprios.

Eu tenho minhas maneiras de contribuir para que essa realidade tenha alguma mudança. Mas fico indignada com a hipocrisia que teima em reinar num país de governo tão assistencialista. Ubirajara fez muito bicos na rua. Mas as pessoas que o viam quase que diariamente, perceberam que ele tinha um motivo nobre: ter uma vida mais digna andando pelos próprios pés. Ele ia atrás de apostilas, livros. Ele precisava de ajuda, mas não pra sempre. Ele não queria o peixe, ele queria aprender a pescar. Ubirajara nunca recebeu o Bolsa Família. Mas lia e estudava tudo que chegava às suas mãos. Ontem, segunda-feira, dia 14 de julho, ele começou o treinamento no Banco do Brasil.

Os detalhes de sua história podem ser lidos aqui...

segunda-feira, 30 de junho de 2008

pausa para rir...

Eu fico imaginando o que passa pela cabeça de um sujeito que desenvolve uma página dessas e quanto tempo livre ele tem... Mas, convenhamos, é sempre divertido ver um besteirol na rede. De vez em quando, a gente precisa de algo assim, pra deixar os pensamentos de lado por um tempinho. Dêem uma olhada nisso!

sexta-feira, 27 de junho de 2008

tolerância zero

E lá vem o circo brasileiro de novo...

Você pode estar chapado de maconha, cocaína ou crack. Mas por favor, cidadão "de bem", não dirija depois de ingerir:

- um bombom de licor
- florais de bach
- enxaguatório bucal (bom, esse é melhor não ingerir mesmo...)
- banana flambada
- creme de papaia com cassis
- alguns remédios (ora! descubra quais!)
- fondue de queijo
- molhos regados a vinhos
- etc...

E viva a bandeira 2 dos taxímetros!!!

domingo, 8 de junho de 2008

meu bebê...

No início do ano, ele se despediu. Tudo foi muito rápido. Em poucas semanas, aquele ser iluminado, sem consciência da própria força, nos deixou órfãos. Foi triste, foi doloroso. Era impossível imaginar aquele momento.

Seus últimos dias foram cheios de amor, de carinhos. Mesmo entre lágrimas, eu só o abraçava e o enchia de beijos. Ele respondia com o olhar querido, mas a doença já o deixava fraco. Já parecia até cansado dos cuidados excessivos da avó, de quem sempre fora o grande companheiro diário.

Por algum tempo, eu não consegui aceitar. Acho que ainda não consigo. Porque não aceito que ele tenha apenas passado por nossas vidas. Ele era a alegria da família que uniu, dava vida ao lugar. Parece que ainda vou vê-lo entrando pela casa, estabanado. O arfar feliz, o porte nobre, o olhar tranqüilo.

Quem o conheceu, sabe que é um pecado chamá-lo de cachorro. Ele foi mais gente do que muito ser que se diz humano. Raciocinava, coisa difícil nos homens. Entendia as palavras. Mesmo as que nunca haviam sido pronunciadas antes. Tomava conta do ambiente. Expressava seus sentimentos abertamente... e fazia questão de estar em companhia dos que amava. E estes o amavam também.

No dia seguinte a sua partida, entre mais lágrimas, disse uma amiga: "Esta casa está impregnada de Barnei". E está ainda. E é ainda impossível andar pela casa e não sentir sua presença, seja ao lado da mesa, pedindo educadamente por uma torrada com patê, seja sobre o edredon, emanando seu calor natural.

Barneizito, sei que você não está mais sofrendo e que está feliz, sendo útil em outro plano. Vou te amar sempre, meu bichinho... Um dia a gente se encontra pra brincar de novo.

23.11.99 - 08.02.08

sábado, 7 de junho de 2008

desviando o foco...

Coisa interessante acontece neste país... O brasileiro não conhece leis, não quer saber, não dá a menor bola, nem sonha em segui-las. Mas se é para defender seus prazeres, sua liberdade, evoca até as leis divinas.

Milico que usa de má-fé para denegrir a imagem de uma instituição já tão baleada pelos anos de vergonha não merece respeito por seu "status" de homossexual. Fico indignada com a atitude desse sargento, tanto pelo que está fazendo com o Exército quanto pelo que está fazendo com a comunidade gay (expressão que, diga-se de passagem, é desastrosa, porque parte do princípio de que gays formam um povo à parte... enfim...).

Eu, euzinha... quase contabilizando mais amigos gays do que héteros. Para solidificar minhas amizades, nunca fiz distinção de cor, classe social, preferência sexual... Não tento aqui demonstrar virtude! Sou o que sou! Todos têm defeitos, inclusive eu. Também julgo, também distingo... mas pelo caráter. Assim escolho meus amigos. Sem sistema de cotas.

Também eu, euzinha... casada com um milico. Cresci avessa aos militares, tendo horror a tudo que se referia a eles. Em família, sempre ouvi as histórias angustiantes vividas na ditadura. E lá fui eu me casar com o "inimigo"... que conheci através de uma grande amiga jornalista... que me apresentou o aspirante como um "milico que lê Marx". Hoje, grande coisa... esse Marx.

Dito isso, deparo-me com essa notícia patética, de um sargento fazendo escândalo porque o Exército o estaria punindo por ser gay, por ter revelado seu "segredo", seu relacionamento com outro militar. Mais ridícula ainda é a reação da sociedade (e de parte da imprensa, claro... ou seria da imprensa e de parte da sociedade?). O Exército cerca uma emissora de TV para prender um desertor que tem um mandado expedido há mais de uma semana. Isso já aconteceu. Várias vezes. O artigo 187 do Código Penal Militar prevê isso. Volta da ditadura? Que dramalhão mexicano! Todo militar, hetero ou homossexual, sabe o que o espera nesse meio. Eu não aprovo as resoluções... mas se são predefinidas, você sabe onde está se metendo! E isso é em qualquer ambiente de trabalho.

Não, meus caros paranóicos, a ditadura militar não está de volta. Não, os militares não têm qualquer interesse em tomar este governo medíocre e repetir os anos linha-dura. Não, o Exército não faz "queima de arquivo" só porque o sargento choroso abriu para o mundo (oh! sim! para o mundo!) sua opção sexual. E, de uma vez por todas: Não, o milico não está sendo punido por ser homossexual, mas pelo crime de deserção. Se, agora, depois de toda a mídia, já se ouvem as ironias e piadinhas nos quartéis (convenhamos, qualquer instituição é formada por pessoas de diversas índoles), o próprio sargento ajudou a complicar essa situação. Um exibicionismo só!

Má-fé. Ele sabia que estava errado. Ele sabia que já estava contrariando todas as regras militares. E nada tinha a ver com o fato de ser gay. Mas ele queria mudar o foco. Não podia sair como o errado da situação. Claro, é mais fácil ser a vítima. E foi exatamente o que ele fez. Organizou a agenda pra que o país se voltasse contra uma instituição já desvalorizada, levantando uma bandeira que nem estava em questão.

Há gays no Exército, apesar de haver leis condenando tal "condição" (rsrsrs). Assim como há também muitas leis que já caducam na Constituição Brasileira. O brasileiro, melindrado como só, adora levar os assuntos aos extremos. Mesmo sem entender lhufas!!

Convivendo mais com o meio militar, eu hoje tenho uma visão diferente desses profissionais que são treinados pra guerra, ganham um salário miserável - considerando o estresse a que são submetidos - e continuam sendo incompreendidos pelos que pensam, estupidamente, que as Forças Armadas só têm serventia numa ditadura ou nas ruas, fazendo pose. Hoje, vejo o quanto esses homens poderiam ser úteis para este país, não fosse a mediocridade e a hipocrisia reinantes. Comecem pensando na Amazônia... e que tudo que é lido sobre a "invasão gringa" não é boato. Pensem também no trabalho feito no Haiti, com o nosso dinheiro, quando essa força poderia estar sendo usada aqui mesmo.

E, finalizando o assunto do sargento, peço que reflitam até onde vai essa vontade do brasileiro de aparecer, de passar por cima de toda e qualquer regra constituída, de tirar vantagem e contar os lucros a qualquer preço, de desconsiderar por completo qualquer norma estabelecida apenas para que exista um processo de civilidade em nosso cotidiano.

Gays, héteros, negros, brancos, pobres, ricos, cultos, analfabetos. Deveríamos estar unidos contra a corrupção... do próprio povo; Contra o vandalismo... que descamba pra violência; Contra o desperdício... que incindirá sobre as próximas gerações. Deveríamos estar preocupados com este presente catastrófico que alguns teimam em chamar de futuro, ao invés de nos preocuparmos com discussões inúteis sobre preconceitos descabidos, que são criados para desviar nosso olhar de nossos próprios erros.