No início do ano, ele se despediu. Tudo foi muito rápido. Em poucas semanas, aquele ser iluminado, sem consciência da própria força, nos deixou órfãos. Foi triste, foi doloroso. Era impossível imaginar aquele momento.
Seus últimos dias foram cheios de amor, de carinhos. Mesmo entre lágrimas, eu só o abraçava e o enchia de beijos. Ele respondia com o olhar querido, mas a doença já o deixava fraco. Já parecia até cansado dos cuidados excessivos da avó, de quem sempre fora o grande companheiro diário.
Por algum tempo, eu não consegui aceitar. Acho que ainda não consigo. Porque não aceito que ele tenha apenas passado por nossas vidas. Ele era a alegria da família que uniu, dava vida ao lugar. Parece que ainda vou vê-lo entrando pela casa, estabanado. O arfar feliz, o porte nobre, o olhar tranqüilo.
Quem o conheceu, sabe que é um pecado chamá-lo de cachorro. Ele foi mais gente do que muito ser que se diz humano. Raciocinava, coisa difícil nos homens. Entendia as palavras. Mesmo as que nunca haviam sido pronunciadas antes. Tomava conta do ambiente. Expressava seus sentimentos abertamente... e fazia questão de estar em companhia dos que amava. E estes o amavam também.
No dia seguinte a sua partida, entre mais lágrimas, disse uma amiga: "Esta casa está impregnada de Barnei". E está ainda. E é ainda impossível andar pela casa e não sentir sua presença, seja ao lado da mesa, pedindo educadamente por uma torrada com patê, seja sobre o edredon, emanando seu calor natural.
Barneizito, sei que você não está mais sofrendo e que está feliz, sendo útil em outro plano. Vou te amar sempre, meu bichinho... Um dia a gente se encontra pra brincar de novo.
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