quarta-feira, 26 de setembro de 2007

protestos

Protestos são vistos todos os dias, praticamente. Em todo o mundo, há sempre alguma coisa acontecendo para que um grupo de pessoas se manifeste contra (exercendo seu direito, como ser humano, de não aceitar uma situação, acredito eu). Mas acho que a gente se acostuma a ver aqueles protestos em que de um lado está a polícia, ou os soldados, ou as guardas locais, responsáveis por reprimir, e do outro estão os manifestantes, gritando palavras de ordem e tentando revidar. Nem sempre sai coisa boa aí. Já vi manifestações pacíficas terminarem muito mal.

Assim, fico triste ao ver o que está acontecendo em Mianmar, antiga Birmânia. As manifestações são contra o regime militar no país. O povo pede pela democracia. E quem está à frente dos protestos? Monges budistas. Posso estar falando besteira (ou estar desatualizada) mas, que eu saiba, os monges budistas são pessoas que procuram sempre viver em paz, que rezam e meditam e que, pelo menos na teoria, não são capazes de ferir uma mosca. Admiro muito, porque eu não consigo me ver assim. Por isso, não consigo imaginá-los sendo massacrados pelas forças de segurança birmanesas durante um protesto pacífico.

As manifestações já acontecem há dias, sem incidentes mais graves. Parece que o protesto é o maior já registrado contra o regime nas últimas duas décadas. Mas, hoje, as coisas começaram a piorar. Centenas de monges já foram presos no templo de Shwedagon (coincidência: faz uma semana que recebi fotos lindas do templo), local sagrado, e pelo menos três já morreram durante os conflitos.

Eu tento imaginar a cena. Monges budistas, com suas túnicas, descalços (ou com sandalinhas) cercados pela população, que os respeita e que tenta protegê-los, enfrentando um paredão de soldados armados. É, isso não vai acabar bem...

Fiquei comparando (considerando as proporções, claro) com o protesto dos sem-teto em São José dos Campos, quando os policiais tiveram que se proteger atrás de uma porta de vidro blindado. Pensei na fúria desses manifestantes, que invadiram um terreno, e na pacificidade dos monges contra um regime autoritário.

Sei lá, são coisas que penso...

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